Em meados de 1996, o diretor Joel Schumacher, por incrível que possa parecer, se encontrava em destaque em Hollywood. Responsável por isso foi a dobradinha de filmes que ele lançou no período, sendo um deles a sua primeira incursão no universo do Homem-Morcego a substituir Tim Burton, “Batman Eternamente” (que embora tenha conquistado o descontentamento da crítica teve boa bilheteria, fracasso foi, de fato, o filme seguinte, “Batman & Robin”), e o outro, este mezzo suspense, mezzo filme de tribunal, “Tempo de Matar”, adaptado da obra de John Grisham (autor que estava em alta naqueles tempos tendo diversas produções adaptadas de seus livros).
É possível notar, através desse exemplo, que o
fracasso, às vezes, ensina muito mais que o sucesso: Embora nunca tenha sido um
grande diretor, foi depois desta produção relativamente aclamada que Schumacher
perpetrou sua mais infame bizarrice cinematográfica, entretanto, foi logo
depois do vexame incalculável de “Batman & Robin” que ele teve o bom senso
de conduzir a carreira por meio de realizações menores, nas quais o controle do
diretor era mais garantido, e o resultado qualitativo, mais certo de ser
obtido. Mas, “Tempo de Matar” vale assim esse alarde que, à época, suscitou?
Nem tanto.
No sempre segregado e sempre em polvorosa,
Mississipi, no sul dos EUA, uma garotinha da comunidade negra é agredida e estuprada
por dois rapazes brancos racistas que vão imediatamente à julgamento, sob a
quase certeza de absolvição diante das impunes legislações sulistas. No entanto,
o indignado pai da criança, Carl Lee Hailey (Samuel L. Jackson), se antecipa à
qualquer sentença e metralha os dois criminosos dentro do tribunal, fazendo
justiça com as próprias mãos.
É Carl Lee quem agora está no banco dos réus,
prestes a ser condenado por homicídio. Sua defesa é assumida pelo jovem e
idealista advogado Jake Brigance (Matthew McConaughey, no papel que o revelou à
Hollywood após várias participações menores em produções pequenas) que não faz
ideia –mas, fará! –de todas as imbricações e desdobramentos que acarretará sua
decisão de defender um acusado negro numa comunidade como a do Condado de
Canton.
Com a cidade em iminência de virar um barril de
pólvora –de um lado os manifestantes negros exigindo veementemente absolvição,
de outro, os asseclas da Ku Klux Klan, restaurada no lugar pelos esforços do
vingativo irmão de um dos assassinados, vivido por Khiefer Sutherland –Brigance
deve enfrentar, nos tribunais, a voracidade inescrupulosa do procurador Rufus
Buckley (Kevin Spacey), a desvantajosa antipatia do Juiz Omar Noose (Patrick
McGoohan, de “Coração Valente”) e a real ameaça que toda essa circunstância
representa a ele e à sua família. Para auxiliá-lo, Brigance conta com o apoio
do mentor Lucien Wilbanks (Donald Sutherland), do amigo e parceiro em advocacia
Harry Rex Vonner (o histriônico Oliver Platt) e com a inteligência aguçada da
jovem estudante Ellen Roark (Sandra Bullock, mais coadjuvante do que
protagonista, embora tenha o nome em primeiro nos créditos).
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