sábado, 21 de junho de 2025

Missão Impossível - Acerto Final


 Este oitavo longa-metragem da franquia cinematográfica estrelada e produzida por Tom Cruise foi alardeado como o último da série e, de fato, um elemento que se sobressai constantemente na narrativa é o senso de urgência e de encerramento que o diretor Christopher McQuarrie habilmente imprime, a todo o momento –ele faz questão de lembrar ao público que as aventuras de Ethan Hunt (o protagonista vivido por Cruise à cerca de três décadas) estão chegando ao seu fim. Com efeito, “Acerto Final” é também uma recapitulação e uma reafirmação de todo o legado deixado por essa série. Na trama sempre intrincada, concebida aqui pelo diretor McQuarrie em parceria com Erik Jendresen, encontramos referências à praticamente todos os filmes anteriores: O hoje clássico “Missão Impossível” original é lembrado na constante menção à memorável cena em que Ethan Hunt invade um escritório ultra-confidencial da CIA pendurado em cabos (inclusive, um personagem importante dessa sequência é recuperado aqui), e até mesmo no reaproveitamento de Jim Phelps (vivido por Jon Voight) relembrado por meio de uma profunda ligação com outro personagem. O misterioso elemento Pé-de-Coelho, jamais devidamente explicado em “Missão Impossível 3” ganha finalmente uma razão de ser. Tudo isso e mais diversas citações, alusões e recordações de personagens mais ou menos importantes que participaram de todos os filmes.

“Acerto Final” começa, como se esperava, pegando o gancho do filme anterior, “Acerto de Contas”, no qual Ethan Hunt e sua equipe precisavam encontrar uma Chave parte de um aparato que pode neutralizar o perigo representado por uma poderosa inteligência artificial, A Entidade. Agora, a situação se acirrou ainda mais: Valendo-se de um controle tentacular e insidioso a nível mundial, a Entidade criou conflitos ao redor de todo o mundo, mergulhando a civilização em caos. Para piorar, seu sistema começou um processo gradual onde está assumindo o controle de todo o armamento nuclear das potências militares espalhadas pelo mundo. A previsão é que a Entidade consiga acessar todas as ogivas atômicas em quatro dias –e quando o fizer, ela fará com que os países ataquem uns aos outros, provocando consequentemente a extinção da raça humana.

Enquanto esse impasse só se agrava, Ethan Hunt se encontra foragido: Tendo obtido a Chave à duras penas no filme anterior, Ethan precisou sacrificar colegas (como Ilsa, vivida por Rebecca Fergunson) e se voltar contra seus superiores da Impossible Mission Force (personafinicados no personagem de Henry Czerny, também ele oriundo do primeiro “Missão Impossível”). E agora recebe um pedido diretamente da presidente dos EUA, Erika Sloane (Angela Basset, sempre magnânima), outrora a diretora da CIA em “Efeito Fallout

A missão de Ethan, como sempre, acaba sendo espinhosa: Ele tem o prazo desses quatro dias para convencer oficiais da marinha americana à levá-lo até os recôncavos mais longínquos da calota polar no Ártico, onde um submarino americano encalhou anos atrás (isso foi visto no prólogo de “Acerto de Contas”), lá a Entidade tratou de selar um dispositivo capaz de eliminá-la. Sem garantia nenhuma de que tal empreitada lhe oferece a chance de voltar com vida (e o roteiro astuto de McQuarrie não se cansa também de plantar sucessivos empecilhos para seu sucesso), Ethan ainda precisará rastrear seu nêmesis pessoal, Gabriel (Esai Morales) de posse de outro dispositivo que, combinado com o McGuffin obtido no submarino naufragado será capaz de pôr fim ao perigo da Entidade –no entanto, Gabriel deseja tirar de Ethan esse dispositivo a fim tentar, em vão, controlar a própria Entidade.

Para tentar concluir esse objetivo, Ethan conta com um grupo forjado meio ao acaso que inclui seu amigo Benji (Simon Pegg), a assassina francesa Paris (Pom Klementieff, de “Guardiões da Galáxia Vol. 3”), o agente Degas (Greg Tarzan Davis), e a habilidosa prestidigitadora Grace (Hayley Atwell, de “Capitão América-O Primeiro Vingador”).

Em sua quarta direção dentro da série “Missão Impossível” –que a partir de “Nação Secreta” ele praticamente ajudou a consolidar como a brilhante cinessérie que é –Christopher McQuarrie realiza um trabalho formidável dentro de um contexto que, à essas alturas, ele conhece como a palma da mão: Essa compreensão instintiva da narrativa, dos meandros da trama e dos maneirismos dos personagens resulta numa obra grandiosa, bem acabada, feita com profissionalismo e, vez ou outra, capaz até de emocionar.

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