Cada filme da trilogia do Cavaleiro das Trevas
baseava sua história num elemento diferente, representado de uma certa forma no
antagonista que o Batman enfrenta ao longo da trama. Uma das muitas sacadas
geniais de Christopher Nolan ao longo dos três filmes.
No
inaugural “Batman Begins”, o tema é o medo. O medo de ver seus pais sendo
mortos por um bandido, ainda criança, e de ficar preso a essa lembrança para
sempre. E medo é aquilo que, mais tarde, Bruce Wayne (Christian Bale,
excelente) almeja incutir nos criminosos de Gothan usando assim o Batman. Não a
toa, seus vilões aqui são o Espantalho (interpretado por Cillian Murphy, cujo
poder é gerar o medo através de seu gás alucinógeno), e Rhas Al-Gul (Liam
Neeson, ou Ken Watanabe, depende do enfoque...), um terrorista (!) e que, a
propósito, serve como fonte para as plantas que provêm ao Espantalho sua arma
secreta.
É fácil admirar a maestria com que Nolan
conduziu essa reinvenção do Homem-Morcego, o quê talvez não seja tão fácil, é
perceber que não foi algo simples chegar até ela.
Naquele ano, 2005, já contavam oito anos que o
personagem tinha ganhado o que é considerado por unanimidade como o seu pior
filme (e um dos piores filmes já realizados de todo o cinema!), o psicodélico,
inadequado e inconveniente “Batman & Robin” de Joel Schumacher. O medo do
estúdio em fazer outra bobagem só não era maior que o medo de perder o imenso
lucro que um personagem como Batman proporcionou no passado, e assim,
carregados de cautela, chamaram Christopher Nolan, recém-saído da aclamação por
dois longa-metragens pouco usuais e primorosos: Os neo-noir “Amnésia” e “Insônia”.
Amparado num conceito de realismo (que, a
rigor, sempre definiu sua filmografia) e munido de um elenco espetacular
(Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman, além dos já citados), ele deu
início à criação de uma trilogia ímpar tida por muitos como o auge da tradução
de uma história em quadrinhos para o cinema.
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