sexta-feira, 28 de agosto de 2020

O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei Versão Estendida

É possível uma obra já tida por impecável elevar ainda mais seu altíssimo padrão de qualidade? Esta é a difícil pergunta que as Versões Estendidas de “O Senhor dos Anéis” se atreveram a responder com uma audaciosa resposta afirmativa.
No capítulo final, “O Retorno do Rei”, algumas dessas cenas novas foram filmadas depois que o filme ganhou 11 Oscars na histórica cerimônia de 2004, o que não as impede de, pelo menos, conferir um aspecto esclarecedor a muitas passagens em alguns momentos.
Não há, contudo, razão para os pessimistas temerem, o filme majestoso, arrojado e inigualável que tomou o mundo de assalto continua lá: Após as duras provações experimentadas em “As Duas Torres”, o hobbit Frodo Bolseiro (Elijah Wood), ao lado de seu filme companheiro Sam (Sean Astin) adentra a etapa derradeira, e mais arriscada, de sua jornada, quando está por penetrar no território obscuro, maligno e infestado de perigos conhecido como Mordor. Não é só: Cada vez mais prejudicado em seu juízo perfeito pela influência do anel, Frodo rejeita a amizade sincera de Sam para cair nas armadilhas morais de Gollum (Andy Serkis, numa aula de interpretação virtual), cujo plano é entregá-lo de bandeja à horripilante aranha gigante Laracna, numa das mais espetaculares cenas do filme (e do cinema).
No outro núcleo de protagonistas, vemos Aragorn, Legolas, Gimli e Gandalf encontrarem Merry e Pippin, depois dos desencontros do filme anterior –é nesse momento que presenciamos uma das mais festejadas cenas da versão estendida, quando Gandalf, convertido em um mago branco, se depara com Saruman (Christopher Lee) e o confronta; certamente uma cena que foi um pecado ter sido tirada da versão de cinema.
O filme se ocupa de mostrar os desdobramentos desses personagens: Gandalf e Pippin seguem para a Cidade Branca de Gondor (um prodígio de efeitos visuais e direção de arte claramente reservado com zelo para aparecer apenas neste filme) onde devem alertar o esclerosado regente Denethor (John Noble) da chegada iminente de um exército incalculável de orcs; em Rohan, o Rei Théoden (Bernard Hill) e sua sobrinha Eowin (Miranda Otto) reúnem o exército dos rohimin para tentar impedir que a raça dos homens seja subjugada em definitivo pelas forças de Sauron; já, Aragorn (Viggo Mortensen), Legolas (Orlando Bloom) e Gimli (John Rhys-Davies), numa missão diferente, devem invadir catacumbas amaldiçoadas para reivindicar o auxílio de guerreiros fantasmas na grande guerra por vir, guerreiros estes que só responderam ao próprio herdeiro do Rei Isildur, e legítimo rei de Gondor, papel do qual Aragorn já não tem mais como fugir.
Essas subtramas –preenchidas com uma infinidade de cenas grandes ou pequenas que lhes acrescentam novas impressões –convergem, primeiro, na grandiloquente Batalha dos Campos do Pelenor, uma das grandes sequências épicas do cinema moderno, e depois, no enfrentamento final à Sauron e aos orcs, às portas de Mordor, quando Frodo, Sam e Gollum chegam ao ápice de sua conflituosa relação –e o bem e o mal encontram uma das personificações mais complexas, cativantes e visualmente estarrecedoras de seu eterno conflito.
Há beleza indescritível, inesgotável e inatacável em “O Retorno do Rei” –acredite, cada fotograma de sua cinematografia é um wallpaper! –e sua Versão Estendida tão somente fornece um novo e requintado ângulo para apreciá-la; no equilíbrio tão improvável quanto inacreditável de elementos íntimos com predicados épicos e grandiosos, e na obra de perfeição comovente que é obtido, “O Retorno do Rei” representa o final esplendoroso de uma das grandes sagas de nosso tempo, o auge do talento artístico de Peter Jackson e o ápice qualitativo nas telas de cinema das últimas décadas.

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