terça-feira, 1 de abril de 2025

Bridget Jones - Louca Pelo Garoto


 E não é que realmente foi feito o quarto filme da franquia “Bridget Jones”? Iniciada em 2001 com o excelente (e ainda o melhor de todos) “O Diário de Bridget Jones”, esta série de filmes, inspirados nos livros de Helen Fielding, teve sucessivamente como segundo exemplar o simpático ainda que irregular “Bridget Jones-No Limite da Razão”, lançado em 2004 e, também ele, adaptado de um livro da autora. Depois, contudo, algo inusitado aconteceu: Helen Fielding lançou o terceiro livro, “Louca Pelo Garoto”, onde confrontava sua heroína, Bridget Jones, com novas situações numa nova fase da vida. O radicalismo do enredo desse terceiro livro despertou a fúria de fãs da série ao redor do mundo todo, que já naqueles tempos, ameaçaram cancelá-lo!

Essa reação foi de tal forma negativa que os planos para o terceiro filme foram improvisados –foi lançado em 2016, “O Bebê de Bridget Jones”, único filme da série feito a partir de um roteiro original (da própria Helen Fielding) e não de uma adaptação dos livros.

O tempo passou, e a relação dos fãs com o livro “Louca Pelo Garoto”, foi mudando. Não mais revoltados com o descarte do amado personagem de Mark Darcy (Colin Firth, sempre ótimo), os fãs passaram a reparar melhor na construção bem feita do enredo, na ideia revigorante de trazer a protagonista vivenciando um recomeço, enfrentando desafios sob a ótica de uma diferente faixa etária (não mais uma jovem mulher solteira) e no fato da trama, em si, não se mostrar tão acomodada quanto a trama do segundo livro (e filme). Com isso, 2004 testemunhou assim o lançamento de “Bridget Jones-Louca Pelo Garoto” –produzido pela própria Helen Fielding e pela estrela Renée Zellweger –que enfim traz para o cinema o terceiro livro da série, tornando-se, portanto, o quarto filme!

A inglesa Bridget Jones é viúva desde que seu marido, Mark Darcy faleceu quatro anos atrás (e essa era a manobra narrativa que tanto despertou a fúria das fãs dos livros), no entanto, passado esse prolongado período de luto, Bridget decide que é hora de retomar à vida que tinha antes. O que significa que, apesar de ter agora dois filhos pra criar –o menino Bill (Casper Knopf) e a menininha Mabel (Mila Jankovic) –ela deve voltar a trabalhar (na mesma emissora de TV do primeiro filme) e tentar, na medida do possível, se mostrar aberta a um novo relacionamento, que parece perfeitamente viável na improvável forma do garotão Roxter McDuff (Leo Woodall), embora os flertes de hoje dia acabem dependendo muito mais de ferramentas digitais que a quarentona Bridget Jones deve se virar para aprender a usar!

Essa é, portanto, a tônica do novo “Bridget Jones”, que funcionou à perfeição na literatura e ocasionalmente, funcionou muito bem no cinema também –em grande parte, graças ao acerto fenomenal da escalação de Renée Zellweger ao papel. O diretor Michael Morris parece tão convicto da eficácia dessa fórmula, testada e comprovada junto ao seu público, que ele relaxa em muitos aspectos na sua tarefa. A narrativa de “Louca Pelo Garoto” –diferente da excelência instintiva e acertada com que era conduzida em “O Diário de Bridget Jones” –nunca consegue surpreender o público, em grande medida, porque ao negligenciar este ou aquele personagem, já podemos até adivinhar, de antemão, os rumos que à eles serão dados na trama. Além disso, escalar o respeitável (e indicado ao Oscar!) Chiwetel Ejiofor para um personagem que, em tese, surge como coadjuvante e aos poucos vai ganhando estatura junto à trama, também não pega ninguém de surpresa. Diferente, por exemplo, do que ocorre no primeiro filme com o próprio Mark Darcy –na época, o excelente Colin Firth não era tão famoso, tendo participado dos consagrados “O Paciente Inglês” e “Shakespeare Apaixonado”, mas em papel de vilão. Logo, sua escalação como Darcy era extremamente inspirada –nos passava a ideia de que ele seria quase alguém vilanesco na trama, quando de repente essas primeiras impressões (nossas e da personagem principal) iam sendo subvertidas.

O livro, “Bridget Jones-Louca Pelo Garoto”, num esperto reaproveitamento da estrutura já clássica do livro original, seguia por tópicos muitos similares aos quais este novo filme não conseguiu se equiparar justamente por causa disso.

Apesar disso, ainda sobram momentos ternos e divertidos (muitos deles por conta da sempre memorável Renée Zellweger, bem ladeada pelo hilário personagem de Hugh Grant), e um agridoce senso de nostalgia deste filme em relação à todos os outros da série.

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