No documentário da Netflix, “Arnold”, sobre sua vida e carreira, Arnold Schwarzenegger conta que depois do surpreendente desempenho de público e crítica de “Irmãos Gêmeos”, ele e o diretor Ivan Reitman estavam ávidos por retomar a parceria e explorar novas possibilidades da então recém-descoberta veia cômica do astro. E um roteiro apropriado para isso até que não tardou a aparecer: Entre “Irmãos Gêmeos” e este “Um Tira No Jardim de Infância” (escrito por Murray Salem, Herschel Weingrod e Timothy Harris) passaram-se módicos dois anos.
Grandalhão, truculento e absolutamente adequado
a sua profissão de policial em Nova York, John Kimble (Schwarzenegger) persegue
a anos o traficante de drogas Cullen Crip (Richard Tyson, de “Te Pego Lá Fora”
e “Falcão Negro em Perigo”). A oportunidade finalmente surge quando Crip é
visto assassinando um informante que teria lhe passado a localização de seu
filho e sua ex-esposa. Com Crisp atrás das grades aguardando julgamento, Kimble
e a policial O’Hara (a divertida Pamela Reed, de “Os Eleitos-Onde O FuturoComeça” e “Melvin & Howard”) precisam rastrear a ex-esposa dele para que
possa testemunhar no tribunal e condená-lo de uma vez por todas.
A mulher –que, ao que tudo indica, mudou de
identidade para fugir do bandido, talvez, até com algum dinheiro dele –está em
algum lugar da cidade de Astoria, estado de Oregon, junto com seu filho
pequeno. A fim de descobrir quem são, o plano é Kimble acompanhar O’Hara que
irá se disfarçar de professora (sua antiga ocupação) e encontrar o filho de
Crisp entre as crianças pequenas da Astoria Elementary School. No entanto,
durante a viagem, O’Hara fica doente e indisposta, obrigando Kimble, ao
chegarem, a tomar o seu lugar. O grandalhão agora terá de se passar como professor
de jardim de infância –e essa ideia simples responde por todo o apelo em cima
do qual o filme foi construído.
Entretanto, como toca a muitas obras dos anos
1980 (ainda que este filme seja de 1990), a construção resulta impecável:
Munido de seu inabalável carisma, Schwarzenegger realmente diverte
estabelecendo um contraponto contrastante e hilariante com a fauna de baixinhos
com a qual tem de lidar –entre essas crianças, presenças ainda bem pequenas do
filho do diretor, Jason Reitman (que também viria a tornar-se diretor, em
filmes como “Juno”) e da bela Odette Yustman (de “Cloverfield-Monstro” e “Alma Perdida”). E o diretor Reitman, se não chega a ostentar nenhuma genialidade,
compreende perfeitamente isso: Ao explorar a dinâmica que surge entre o
gigantesco protagonista e seus pequenos coadjuvantes (inicialmente conturbada,
mas depois pouco a pouco harmoniosa e, ao fim, carregada de empatia), assim
como a circunstância da farsa em si (a qual garante interesse do início ao fim
para o expectador que fica intrigado como tudo se resolverá), ele constrói um
filme delicioso de se acompanhar.
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