Embora persiga o tempo todo a atmosfera conspiratória do excelente “Capitão América-O Soldado Invernal”, este “Brave New World” dá continuidade realmente aos eventos mostrados em “O Incrível Hulk” (de um já longínquo 2008) e “Eternos” (de 2021). Quando reencontramos o protagonista, Sam Wilson (Anthony Mackie), ele já veste o manto de Capitão América a pelo menos quatro anos –desde que assumiu esse legado na minissérie “Falcão e O Soldado Invernal”. Sua missão é deter a negociação envolvendo um item desconhecido entre a Sociedade da Serpente, chefiada pelo inescrupuloso Coral (Giancarlo Esposito), e um comprador misterioso. Já aí, a narrativa concebida pelo diretor Julius Onah (de “The Cloverfield Paradox”) orquestra vários pontos de partida (como é de praxe, muitos deles extraídos dos quadrinhos originais) para buscar um todo mais sólido e exuberante, ainda que, ao contrário do que fizeram (e muito bem) os Irmãos Russo nos filmes predecessores, essa solidez e essa exuberância nunca cheguem, de fato, a aparecer.
Se de um lado temos Sam Wilson e seus válidos
esforços em corresponder às expectativas dele esperadas como Capitão América –não
apenas ao substituir a grande e inspiradora presença de Steve Rogers, mas
também ao representar um herói tão icônico sendo também um homem negro a trazer
consigo à reboque toda uma questão de representatividade racial –do outro,
temos o General Thadeus Ross (vivido por Harrison Ford, substituindo o falecido
William Hurt, intérprete anterior do personagem) cuja fama de irascível ele
procura avidamente deixar de lado por conta de A) reatar os laços com a filha,
Betty (Liv Tyler), em frangalhos desde que ele caçou, por anos, o Hulk, assim
como outros heróis, e B) honrar seu novo cargo de presidente eleito dos EUA
perante o povo norte-americano.
Para tal intento, Ross quer se aproximar de Sam
Wilson, sobretudo, após a bem-sucedida missão em recuperar o tal item
desconhecido (que havia sido roubado de aliados japoneses), entretanto, novas
complicações tornam a afastá-los: Acontece que o Celestial petrificado em pleno
oceano em “Eternos”, vem a ser constituído de um novo minério que as potências
mundiais identificaram como tão resistente (ou até mais!) que o cobiçado vibranium de Wakanda, o adamantium. De olho nessa nova riqueza,
vários países forjam uma tênue aliança com os EUA, mas um atentado na Casa
Branca –perpetrado por Isaiah Bradley (Carl Lumbly), um ex-supersoldado
veterano, ao que tudo indica sob controle mental –pode colocar tudo a perder, e
deixar os EUA à beira de uma guerra.
A tarefa deste novo Capitão América em seu
primeiro filme solo é, portanto, complicada: Provar a inocência de Isaiah,
descobrir quem é o misterioso vilão manipulador que aparentemente está por trás
de tudo isso, e deter uma crise política de proporções globais. Tudo isso,
contando com a ajuda do novo Falcão, Joaquim Torres (Danny Ramirez), uma vez
que o próprio Presidente Ross, como sempre, mostra-se alguém de difícil relação
–em especial, por conta do segredo que o liga ao tal vilão manipulador, e que
pode levar Ross a uma metamorfose inesperada como a ameaça conhecida por Hulk
Vermelho –e, embora desse detalhe seja resguardado para o trecho final do
filme, ele não é nenhuma surpresa, uma vez que dominou por completo o material
promocional do filme nos últimos meses antes de sua estréia. Grave problema de
marketing: Certamente, se a questão envolvendo o Hulk Vermelho e sua aparição
no clímax de “Brave New World” tivesse sido guardado exclusivamente para ser
visto nos cinemas (como foi feito com as aparições dos Homens-Aranhas, Tobey
Maguire e Andrew Garfield, em “Sem Volta Para Casa”) a empolgação provocada
pelo filme seria exponencialmente maior.
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