quinta-feira, 4 de junho de 2020

Controle Absoluto

Rendendo uma bem azeitada parceria em “Paranoia”, o jovem astro Shia LaBeouf e o diretor D.J. Caruso tornaram a reunir-se sob a asa do produtor Steven Spielberg neste projeto consideravelmente mais ambicioso.
Houve quem dissesse, na época, que se “Paranoia” era uma versão modernizada de “Janela Indiscreta”, então, “Controle Absoluto” era uma versão modernizada de “Intriga Internacional”.
Não é bem assim.
Co-produzido por Alex Kurtzman e Robert Orcci e roteirizado por Dan McDermott (autor da ideia original), John Gleen, Hilary Seitz e Travis Adam Wright, “Controle Absoluto” era uma trama de espionagem e aventura das mais mirabolantes a tentar unir, num único pacote, elementos da então festejada “Trilogia Bourne”, o reverberante temor americano pós-11 de setembro, tecnologia de ponta (com o vasto aparato de câmeras de segurança, redes de network e aparelhos celulares surgindo como ferramentas fundamentais no roteiro), ação ininterrupta, uma discussão algo rasa sobre a vigilância governamental e referências pós-modernas ao Grande Irmão de “1984 de Orwell”.
Uma das pontas soltas do emaranhado de fios narrativos que vai se construindo ao longo do filme, o personagem de Shia LaBeouf, Jerry Shaw, recebe a devastadora notícia da morte de seu irmão gêmeo.
Paralelamente, outras coisas acontecem, como o fato de Rachel, a mãe solteira vivida por Michelle Monaghan, deixar seu filho pequeno ir, de trem, a uma apresentação musical de sua escola, na cidade de Washington.
No mesmo dia, Jerry recebe em seu apartamento, uma misteriosa remessa de armas e apetrechos que o tornam um suspeito de terrorismo aos olhos da lei –uma das muitas manobras sem muita lógica do roteiro que parece mais interessado em justificar o corre-corre do que em estruturar uma trama sem furos. Na delegacia, Jerry recebe o telefonema de uma mulher desconhecida (na voz da atriz Julianne Moore, à propósito) que lhe instrui, de forma quase premonitória, à perpetrar uma fuga inacreditável: Um guindaste arromba a parede da sala onde ele se encontra, e a tal voz parece ser capaz de controlar o fluxo dos trens do metrô para faze-lo seguir o rumo que ela deseja.
O mistério acerca de quem ou o quê é a voz no telefone não se sustenta do modo como poderia se imaginar –ou porque, em sua empolgação, o diretor Caruso não demanda maior atenção a isso, ou porque lhe falta perspicácia para realizá-lo: A voz é, pois, de uma inteligência artificial operando de dentro do próprio Pentágono e, no plano nebuloso que ela parece desenvolver, estão incluídos não só os perplexos Jerry e Rachel (que, coagidos cada qual à sua maneira, logo se veem lado a lado), como também o Agente do FBI Thomas Morgan (Billy Bob Thornton), a Investigadora da Força-Aérea Zoe Pérez (Rosario Dawson), o Major Bowman (Anthony Mackie, antes de virar o Falcão em “Capitão América-Soldado Invernal”) e o Secretário de Defesa Callister (Michael Chiklis, da série “The Shield” e do filme “Parker”).
Acelerado, dotado de uma produção ostensiva à cargo de Spielberg, e orgulhoso das reviravoltas que entrega minuto e minuto num ritmo perigosamente enervante e quase inverossímil, “Controle Absoluto” é um filme de ação high-tech a demonstrar, acima de tudo, um comando bastante seguro e convicto de D.J. Caruso, que não perde a mão, nem mesmo quando o filme ameaça ruir diante das próprias pretensões narrativas na sua parte final.

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