Rendendo uma bem azeitada parceria em
“Paranoia”, o jovem astro Shia LaBeouf e o diretor D.J. Caruso tornaram a
reunir-se sob a asa do produtor Steven Spielberg neste projeto
consideravelmente mais ambicioso.
Houve quem dissesse, na época, que se
“Paranoia” era uma versão modernizada de “Janela Indiscreta”, então, “Controle
Absoluto” era uma versão modernizada de “Intriga Internacional”.
Não é bem assim.
Co-produzido por Alex Kurtzman e Robert Orcci e
roteirizado por Dan McDermott (autor da ideia original), John Gleen, Hilary
Seitz e Travis Adam Wright, “Controle Absoluto” era uma trama de espionagem e
aventura das mais mirabolantes a tentar unir, num único pacote, elementos da
então festejada “Trilogia Bourne”, o reverberante temor americano pós-11 de
setembro, tecnologia de ponta (com o vasto aparato de câmeras de segurança,
redes de network e aparelhos celulares surgindo como ferramentas fundamentais
no roteiro), ação ininterrupta, uma discussão algo rasa sobre a vigilância
governamental e referências pós-modernas ao Grande Irmão de “1984 de Orwell”.
Uma das pontas soltas do emaranhado de fios
narrativos que vai se construindo ao longo do filme, o personagem de Shia
LaBeouf, Jerry Shaw, recebe a devastadora notícia da morte de seu irmão gêmeo.
Paralelamente, outras coisas acontecem, como o
fato de Rachel, a mãe solteira vivida por Michelle Monaghan, deixar seu filho
pequeno ir, de trem, a uma apresentação musical de sua escola, na cidade de
Washington.
No mesmo dia, Jerry recebe em seu apartamento,
uma misteriosa remessa de armas e apetrechos que o tornam um suspeito de
terrorismo aos olhos da lei –uma das muitas manobras sem muita lógica do
roteiro que parece mais interessado em justificar o corre-corre do que em
estruturar uma trama sem furos. Na delegacia, Jerry recebe o telefonema de uma
mulher desconhecida (na voz da atriz Julianne Moore, à propósito) que lhe instrui, de forma quase premonitória, à perpetrar
uma fuga inacreditável: Um guindaste arromba a parede da sala onde ele se
encontra, e a tal voz parece ser capaz de controlar o fluxo dos trens do metrô
para faze-lo seguir o rumo que ela deseja.
O mistério acerca de quem ou o quê é a voz no
telefone não se sustenta do modo como poderia se imaginar –ou porque, em sua
empolgação, o diretor Caruso não demanda maior atenção a isso, ou porque lhe
falta perspicácia para realizá-lo: A voz é, pois, de uma inteligência
artificial operando de dentro do próprio Pentágono e, no plano nebuloso que ela
parece desenvolver, estão incluídos não só os perplexos Jerry e Rachel (que,
coagidos cada qual à sua maneira, logo se veem lado a lado), como também o
Agente do FBI Thomas Morgan (Billy Bob Thornton), a Investigadora da
Força-Aérea Zoe Pérez (Rosario Dawson), o Major Bowman (Anthony Mackie, antes
de virar o Falcão em “Capitão América-Soldado Invernal”) e o Secretário de
Defesa Callister (Michael Chiklis, da série “The Shield” e do filme “Parker”).
Acelerado, dotado de uma
produção ostensiva à cargo de Spielberg, e orgulhoso das reviravoltas que
entrega minuto e minuto num ritmo perigosamente enervante e quase inverossímil,
“Controle Absoluto” é um filme de ação high-tech a demonstrar, acima de tudo,
um comando bastante seguro e convicto de D.J. Caruso, que não perde a mão, nem
mesmo quando o filme ameaça ruir diante das próprias pretensões narrativas na
sua parte final.
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