Nesta última segunda-feira foram anunciados os nomes dos indicados ao Globo de Ouro 2025, a ser realizado no dia 5 de janeiro de 2025. Prêmio de cinema e TV conduzido pelo Impressa Estrangeira, o Globo de Ouro –ou Golden Globe –já foi visto como uma prévia do Oscar, embora muitas decisões e escolhas promovidas nos últimos anos tenham afastado essa impressão. No entanto, ainda é parte fundamental da temporada de prêmios, e certamente vai interferir (e antecipar) muitas características que integrarão a cerimônia do careca dourado. Vamos às indicações e às considerações (lembrando que aqui só serão mencionados os indicados de cinema):
Melhor filme dramático
"O Brutalista"
"Um Completo Desconhecido"
"Nickel Boys"
"Setembro 5"
Melhor filme de comédia ou musical
"Anora"
"Rivais"
"Emilia Perez"
"A Verdadeira Dor"
"Wicked"
Primeira mudança: Agora as
categorias predominantes contam com um limite de seis vagas (e não cinco como
em anos anteriores), o que eleva os nomeados para as duas categorias de Melhor
Filme para doze! Assim como seu brilhante antecessor, o mais brilhante ainda
“Duna-Parte 2” sofreu uma ligeira esnobada do Globo de Ouro, embora deva reinar
majestoso nas categorias técnicas do Oscar. Surgem com algum favoritismo aqui
“Emilia Perez” –líder em indicações, com dez –e “O Brutalista” –sete indicações
–“Emilia Perez”, por sinal, saiu fortíssimo do Festival de Veneza em maio, mas havia
perdido algum fôlego quando estreou com uma ou outra crítica negativa. Muitos
comemoraram a inclusão (inclusive noutras expressivas categorias) do ousado “A
Substância”, caminhando a passos largos para virar o grande cult-movie de 2024 (e para ganhar
improváveis, ainda que merecidas, indicações ao Oscar). Embora o aguardado
filme de Luca Guadagnino “Queer” tenha ficado de fora da categoria principal
(entre outras razões por não ter agrado boa parte da crítica), o seu “Rivais”,
lançado com atraso no início do ano, foi capaz de se manter memorável para conquistar
uma nomeação. E a campanha de “Wicked”, que entre outras estratégias
providenciais agendou seu lançamento para o final de ano, deu frutos obtendo um
bom números de indicações.
Melhor atriz de filme dramático
Pamela Anderson, "The Last
Showgirl"
Angelina Jolie, "Maria Callas"
Nicole Kidman, "Baby Girl"
Tilda Swinton, "O Quarto Ao Lado"
Fernanda Torres, "Ainda Estou
Aqui"
Kate Winslet, "Lee"
Os brasileiros ficaram em
polvorosa quando, nesta categoria, surgiu nossa querida Fernanda Torres, que
parece repetir os passos da própria mãe, Fernanda Montenegro, que culminou
indicada a Melhor Atriz na cerimônia do Oscar 1999. Fernandinha pode refazer
esses mesmos passos, contudo, aqui ela disputa com um sex-symbol de décadas passadas retornando à ribalta por meio de um
projeto corajoso e surpreendente (Pamela Anderson); duas atrizes que costumam
equilibrar atuações elogiáveis com estrelato inquestionável (Nicole Kidman e
Angelina Jolie); uma elogiada intérprete inglesa defendendo o primeiro filme
falado em inglês de Pedro Almodóvar (Tilda Swinton) e uma premiada atriz,
tarimbada em obter aclamação nas premiações (Kate Winslet).
Melhor direção
Jacques Audiard, "Emilia
Perez"
Sean Baker, "Anora"
Edward Berger, "Conclave"
Coralie Fargeat, "A
Substância"
Payal Kapadia, "Tudo O Que
Imaginamos Como Luz"
Edward Berger (de “Nada de Novo no Front”) e Jacques Audiard (de “O Profeta”) não são estranhos às premiações, mas
certamente são presenças bastante inesperadas (bem como os longa-metragens que
realizaram) as de Brady Corbet, Coralie Fargeat, Sean Baker (de “Projeto
Flórida”) e Payal Kapadia. Na esteira da repercussão positiva em Cannes, o
favorito é Baker, cujo “Anora” saiu premiado com a Palma De Ouro (embora conte
com um total de apenas cinco indicações), mas muita coisa pode mudar.
Melhor ator em filme dramático
Adrien Brody, "O Brutalista"
Timothée Chamalet, "Um
Completo Desconhecido"
Daniel Craig, "Queer"
Colman Domingo, "Sing Sing"
Ralph Fiennes, "Conclave"
Sebastian Stan, "O Aprendiz"
Esperava-se que o jovem Timothée
Chamalet fosse indicado por “Duna-Parte 2”, no entanto, ele saiu-se com essa
prodigiosa atuação vivendo Bob Dylan no filme de James Mangold, seus
competidores mais expressivos certamente são Daniel Craig quebrando de vez a
imagem de James Bond (e defendendo com unhas e dentes a única indicação de “Queer”),
o elogiado trabalho de Ralph Fiennes e Sebastian Stan, o Soldado Invernal da
Marvel Studios, que este ano conseguiu emplacar duas indicações no Globo de
Ouro.
Melhor atriz em filme de comédia
ou musica
Amy Adams, "Canina"
Cynthia Erivo, "Wicked"
Karla Sofía Gascón, "Emilia Perez"
Mikey Maddison, "Anora"
Demi Moore, "A Substância"
Zendaya, "Rivais"
Melhor ator em filme de comédia ou
musical
Jesse Eisenberg, "A Verdadeira
Dor"
Hugh Grant, "Herege"
Gabriel LaBelle, "Saturday
Night"
Jesse Plemons, "Tipos de Gentileza"
Glen Powell, "Assassino Por Acaso"
Sebastian Stan, "Um Homem
Diferente"
Parece haver um consenso entre os
críticos e votantes do Globo de Ouro (que já foi percebido, ao longo dos anos,
no Oscar também) de que, se um filme possue um gênero indefinido, ou mesmo
incategorizável, ele é indicado à Melhor Comédia ou Musical –só assim para
entender as indicações nessa categoria para Hugh Grant pelo terror “Herege” (no
qual ele está surpreendente, diga-se) e para Jesse Plemons (que venceu em
Cannes!) pelo estranho, porém fascinante “Tipos de Gentileza”. O mesmo ocorre
em Melhor Atriz de Comédia ou Musical para Demi Moore no nada engraçado “A
Substância”, todavia, entre as mulheres prevalace o irônico favoritismo de
Karla Sofía Gascón, a primeira atriz trans na História indicada ao prêmio (uma
manobra que dificilmente deixará de ser repetida pelo Oscar), já entre os
Atores, o favorito ainda parece incerto, mas seria muito interessante ver o belo
trabalho de Glen Powell, num dos filmes mais sensacionais do ano, ser
recompensado.
Melhor atriz coadjuvante
Selena Gomez, "Emilia Perez"
Ariana Grande, "Wicked"
Felicity Jones, "O Brutalista"
Margaret Qualley, "A
Substância"
Isabella Rossellini, "Conclave"
Zoe Saldana, "Emilia Perez"
Melhor ator coadjuvante
Denzel Washington, "Gladiador
II"
Kieran Culkin, "A Verdadeira
Dor"
Guy Pierce, "O Brutalista"
Jeremy Strong, "O Aprendiz"
Yura Borisov, "Anora"
Edward Norton, "Um Completo
Desconhecido"
Em Atriz Coadjuvante, as duas
colegas de “Emilia Perez”, a jovem Selena Gomez e a bem-sucedida Zoe Saldana,
terão de enfrentar o fascínio da crítica e a aprovação do público despertados
pela sensacional Margaret Qualley em “A Substância”, embora hajam grandes
chances para a veterana Isabella Rossellini e para a sempre talentosa Felicity
Jones, correndo por fora, a cantora Ariana Grande deve encarar a indicação como
um prêmio.
Em Ator Coadjuvante, é um pena que
o sempre fabuloso Denzel Washington não tenha maiores chances (talvez, se o
filme fosse melhorzinho...), resta os grandes trabalhos de atores consagrados
como Edward Norton e Guy Pierce em disputa com a surpresa das presenças de
Kieran Culkin (finalmente mostrando em cinema o potencial que já exibia na
série de TV “Sucession”) e Jeremy Strong (cujo “O Aprendiz” é uma produção
pulsante).
Melhor animação
"Flow"
"Memórias de Um Caracol"
"Moana 2"
"Wallace & Gromit-A
Vingança"
As coisas mudam: Outrora favoritos
incontestáveis na categoria animação, a Pixar (representados pela continuação
de um longa-metragem que, anos atrás, simplesmente arrebatou o prêmio) já não
surge este ano tão imbatível assim, o que aumenta as merecidas chances para o
novo “Wallace & Gromit” e para os mais alternativos “Flow” e “Memórias de
Um Caracol”, mas... quer saber? Quem merece o prêmio mesmo à a Dreamworks que
entregou, com o emocionante “Robô Selvagem” uma das melhores animações do ano (e
ele ainda está indicado em Melhor Trilha Sonora!). “Moana 2”, o representante
da Disney no páreo nem conta –sua presença entre os indicados é protocolar em
função da importância do estúdio, mas ele nem tem tanta qualidade para constar
por aqui.
Melhor canção original
"Beautiful That Way",
"The Last Showgirl"
"Compress/Repress",
"Rivais"
"El Mal", "Emilia Perez"
"Forbbiden Road", "Better Man"
"Kiss The Sky", "Robô Selvagem"
"Mi Camino", "Emilia Perez"
Melhor trilha sonora
"O Brutalista"
"Conclave"
"Robô Selvagem"
"Emilia Perez"
"Rivais"
"Duna-Parte 2"
Melhor filme estrangeiro
"Tudo O Que Imaginamos Como
Luz" (Índia)
"Emilia Perez" (França)
"A Garota da Agulha" (Dinamarca)
"Ainda Estou Aqui" (Brasil)
"A Semente do Figo Sagrado"
(Alemanha)
"Vermiglio" (Itália)
“Emilia Perez” aparece na
categoria de Filme Estrangeiro assim como na de Filme de Comédia ou Musical”, o
que já o torna automaticamente o favorito da categoria, comprometendo as
chances do brasileiro “Ainda Estou Aqui” –de repente, a mesma história de 1999
parece se repetir... –entretanto, o indiano “Tudo O Que Imaginamos Como Luz”
também segue forte na disputa.
Melhor roteiro
"Emilia Perez"
"Anora"
"O Brutalista"
"A Verdadeira Dor"
"A Substância"
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