segunda-feira, 31 de agosto de 2020

10 Livros que poderiam render grandes filmes

Anos atrás elaborei uma lista de “10 Histórias em Quadrinhos que poderiam render grandes filmes”, agora, inspirado por aquela ocasião e pela constante fonte de material que a literatura fornece ao cinema, cito uma dezena de obras literárias que, francamente, não sei como um produtor ainda não se deu conta dos filmes sensacionais que poderiam se tornar.

Série Buchanan, de Julie Garwood –Famosa entre os escritores best-sellers dos EUA, Julie Garwood especializou-se em romances de época, no entanto, a ‘Serie Buchanan’ como é chamada representou uma de suas bem-sucedidas incursões em tramas contemporâneas.
São doze livros que acompanham os diferentes membros da família Buchanan, além de outros formidáveis personagens, em tramas que mesclam aventura policial, mistério e romance; e todas tão incrivelmente extasiantes e envolventes que chega a ser um absurdo até hoje uma adaptação cinematográfica não ter ganhado a luz do dia.
Houveram rumores, anos atrás, de que seria adaptado o primeiro livro da série, “Heartbreaker” (“A Confissão”, aqui no Brasil, onde foi publicado pela extinta editora Landscape), mas não surgiram quaisquer notícias desde então.

Nas Montanhas da Loucura, de H.P. Lovecraft –uma das melhores obras de um dos melhores escritores de literatura fantástica (a favorito de inúmeros diretores), que chegou até a inspirar indiretamente diversos outros filmes, até hoje não ganhou uma versão cinematográfica.
Um dos últimos esforços nesse sentido, partiu do diretor Guilhermo Del Toro, aliado ao astro Tom Cruise, que desejavam ver o filme feito, entretanto, as filmagens do longa “Prometheus”, de Ridley Scott, comprometeram a viabilização do projeto, já que o roteiro daquela produção foi abertamente baseado em elementos de “Nas Montanhas da Loucura”.

Vivian Contra O Apocalipse/Vivian Contra A América, de Katie Coyle –quando as adaptações de séries literárias ao estilo ‘young adult’ tornaram-se febre entre os estúdios hollywoodianos, com trabalhos como “Jogos Vorazes” e “Crepúsculo” ganhando as telas, esta curiosa, eletrizante e pertinente duologia escrita por Katie Coyle, cheia de ação e personagens sensacionais, estranhamente foi deixada de lado, embora ostentasse qualidade o bastante para render dois excelentes filmes.
O motivo? Provavelmente seu teor controverso, polêmico e delicado ao falar abertamente sobre a manipulação das massas pela religião, um assunto quase sempre explosivo que os puritanos estúdios norte-americanos morrem de medo da abordar.

Ruínas do Tempo, de Jess Walter –uma trama maravilhosa, que vai e volta no tempo, com personagens envolventes, uma mescla apetecível de romance, drama e comédia, além de graciosas e pontuais referências ao cinema americano em geral (e ao ator Richard Burton em particular!), poderia ser um daqueles filmes de cabeceira dos adeptos de um bom romance.
Mas o belamente construído texto do escritor Jess walter não chegou a virar um projeto de cinema, muito por conta da forma primorosa com que funde ficção com realidade –as celebridades reais envolvidas no âmago da história fictícia (como Burton e Elizabeth Taylor) poderiam confundir o público e fazê-lo crer que a deliciosa trama engenhada aqui fosse real; algo que poderia render um incômodo processo da parte dos familiares.

Piquenique Na Estrada, de Arkádi e Boris Strugátski –embora este livro já tenha sido, por assim dizer, adaptado no grandioso “Stalker”, de Andrei Tarkovski, o cineasta polonês lhe aproveita apenas o seu conceito básico e inicial (no qual uma ‘Zona’ onde alienígenas descarregaram material desconhecido, é sistematicamente invadida por humanos almejando lucro); todos os desenlaces, sub-tramas e personagens principais do livro não chegam a serem usados no filme, o que é uma pena diante do quão interessantes eles são.
Uma nova adaptação, bem mais fiel ao conteúdo do livro de fato, renderia não apenas um ótimo filme, como também um resultado bastante diferente do obtido na obra-prima de Tarkovski.

Carte Blanche, de Jeffery Deaver –a série “007” sempre foi de vento em popa nas telas de cinema, contudo, a partir de algum ponto entre os filmes de Roger Moore e de Timothy Dalton os livros de Ian Fleming (e de outros autores) deixaram de ser aproveitados em prol de roteiros originais, cada vez mais mirabolantes e menos densos.
As coisas só mudaram brevemente quando “Cassino Royale” foi adaptado na explosiva estréia de Daniel Craig no papel.
Se os produtores Barbara Broccoli e Michael G. Wilson quisessem uma nova e vigorosa aventura de Bond –propícia de repente para introduzir outro intérprete diante da inevitável aposentadoria de Craig –o livro escrito por Jeffery Deaver, “Carte Blancche” (dentre os dois que escreveu com o personagem), seria perfeito: Uma aventura de James Bond com todas as letras, com personagens enigmáticos, trama de ação e espionagem, um vilão memorável e megalomaníaco, e belíssimas mulheres, todos elementos orbitando seu fenomenal protagonista.

O Apanhador No Campo de Centeio, de J.D. Salinger –um dos livros mais célebres da literatura norte-americana (leitura obrigatória nas suas escolas) é também o título mais notório a engrossar a lista das obras inexplicavelmente sem uma versão cinematográfica digna.
Na segunda metade da década de 2000, surgiram rumores de que o recluso e autoral diretor Terence Malick (dono de características que refletiam adjetivos do próprio escritor da obra, J.D. Salinger) faria uma tão aguardada adaptação. Então, veio o premiado “A Árvore da Vida” e nada mais foi falado.

O Clube do Filme, de David Gilmour –a divertida e comovente história real de um pai que tenta se reconectar com o filho adolescente à beira da rebeldia e da delinquência através do cinema é um ‘few good movie’ pedindo para ser feito.
Um dos possíveis impedimentos para um projeto cinematográficos ganhar vida seriam as inúmeras menções, referências e citações aos diversos filmes que eles assistem (fundamentais à história) cujos direitos autorais, talvez, fossem complicados de serem obtidos.

Porque Ela Pode, de Bridie Clark –imagine “O Diabo Veste Prada” ambientado no universo editorial. Pois é exatamente essa a proposta deste livro divertidíssimo que poderia tranquilamente render uma produção mais modesta, mais viável e mais despojada da famosa comédia estrelada por Meryl Streep.
Para o papel da diabólica patroa que inferniza sua editora-assistente com mandos e desmandos abusivos e inacreditáveis é difícil não pensar em Isabella Rossellini.

Na Minha Pele, de Kate Holden –Que “Cinquenta Tons de Cinza”, que nada! Se há uma obra que reúne com excelência o sexo, o drama humano e uma autêntica relevância é esta daqui.
Trabalho autobiográfico da escritora australiana Kate Holden, “Na Minha Pele” relata sua via crusis de usuária de drogas à prostituta nas ruas de Melbourne narrada com contundência e raro lirismo.
Tão cativante é seu resultado que ele já rendeu uma continuação literária, “Noites Italianas”, que sinaliza desembocar numa trilogia com um terceiro capítulo ainda vindouro.
Quem sabe um produtor não se interessa?

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