Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo
Louvado por muitos como o melhor filme de 2022,
o trabalho dos diretores Daniel Kwan e Daniel Scheinert é uma obra
surpreendente que ousa, inclusive, ao tratar do tema de multiverso no mesmo ano
em que a toda-poderosa Marvel Studios discorreu sobre o mesmo assunto no
blockbuster “Doutor Estranho No Multiverso da Loucura”.
Todavia, o filme de Kwan e Scheinert vai além:
Ele aborda reflexões existenciais numa roupagem que combina drama, humor e ação
numa mesma proporção sem acomodar-se em genêro nenhum.
Um choque de ineditismo que lembra o feito das
Irmãs Wachowsky em 2000 com o cult-movie
“Matrix”. Naquela época, entretanto, a Academia de Artes Cinematográficas não
estava pronta para tamanha inovação (e ainda assim, “Matrix” saiu-se com quatro
prêmios técnicos), e agora, estariam os votantes prontos para finalmente
premiar a grande surpresa do ano?
Elvis
A música não deixa Baz Luhrman; Baz Luhrman não
deixa a música. Após duas décadas de seu aclamado “Moulin Rouge”, o diretor
australiano retorna –de certa maneira –ao gênero que lhe foi tão caro, desta
vez, contando uma história que a tempos o cinema andava devendo: Uma biografia
digna e emocionante de ninguém mais, ninguém menos, do que Elvis Presley, o Rei
do Rock.
De quebra, “Elvis” ainda revela o talento
hiperlativo do jovem Austin Butler que entrega um trabalho primoroso ao cantar, dançar e atuar como Elvis, tirando
de letra um desempenho que representaria um desafio para qualquer um.
The Fabelmans
Naquele que parece ser sua obra mais pessoal, o
gigante Steven Spielberg volta suas lentes para uma trama auto-biográfica que
gira em torno de sua própria família.
Realizado num esquema independente –tática que
Spielberg, habituado à superproduções, não adotava havia décadas –“The
Fabelmans” estreou no Festival de Toronto, berço de algumas das mais aclamadas
obras independentes da temporada, e vem conquistando larga aprovação da
crítica, além de uma quase garantida oportunidade no Oscar, caminho que, é bem
verdade, quase todas as realizações de Spielberg acabam trilhando.
Os mais entusiasmados dão como certa a
indicação de Melhor Atriz para Michelle Williams.
Babylon
Todos os três trabalhos anteriores do diretor
Damien Chazelle –“Whiplash-Em Busca da Perfeição”, “La La Land-CantandoEstações” e “O Primeiro Homem” –tiveram belas campanhas no Oscar. Sua quarta
realização promete manter essa constante; também pudera: Com um elenco estelar
–que inclui Margot Robbie, Brad Pitt e Tobey Maguire –“Babylon” aborda o
deslumbramento e os escândalos que cercaram os astros da fase áurea do cinema
na década de 1920.
The Whale
O diretor Daren Aronofsky adora pegar grandes
intérpretes e arremessá-los para fora de suas zonas de conforto: Foi assim com
Mickey Rourke em “O Lutador”, com Natalie Portman em “Cisne Negro” e com
Jennifer Lawrence em “Mãe!”.
Não obstante a eventual incompreensão de parte
da crítica, ele obtém certa aclamação com isso, e as coisas parecem seguir um
rumo bastante parecido com o novo “The Whale”.
Trazendo de volta à ribalta o desaparecido
Brendan Fraser –que, muitos garantem, estar entregando a atuação de sua vida!
–Aronofsky criou um drama sobre o processo árduo de rejeição, recuperação e
aceitação centrado num personagem obeso, homossexual e depressivo, tendo
recebidos aplausos de pé em sua estréia no Festival de Veneza.
Top Gun-Maverick
Uma grata surpresa para muitos e uma produção
saudada como a grande prova de que financeiramente o cinema havia enfim
superado o hiato de público ocasionado pela pandemia, a continuação do cultuado
clássico oitentista “Top Gun” ostentou tamanha qualidade técnica e artistica
quando aportou nas salas de cinemas que logo foram cogitadas as possibilidades
dele concorrer ao Oscar.
As chances maiores repousam nas categorias
técnicas é claro –as sequências de combate aéreo são particularmente um show de
fotografia, montagem e efeitos visuais –embora existam aqueles que apostem numa
colher de chá nas categorias mais artísticas –o roteiro segue uma fórmula
razoável para a continuação que se propõe, mas é assinado por Christopher
McGuarie, que ganhou o Oscar de Roteiro Original por “Os Suspeitos” –além da
forte possibilidade de repetir, tal e qual o anterior em 1987, a vitória na
categoria de Melhor Canção Original –desta vez com “Hold My Hand”, composta e
interpretada por Lady Gaga.
The Batman
Outro que certamente marcará presença nas
categorias técnicas –minha aposta vai especialmente para Melhor Maquiagem e
Cabelo graças à assombrosa transformação de Colin Farrell no mafioso Pinguim –o
filme dirigido por Matt Reeves revelou-se de tal forma surpreendente (afinal,
alguns ainda tinham lá suas ressalvas com o fato do ótimo Robert Pattinson
interpretar Bruce Wayne/Batman) que não apenas foi recebido como o melhor filme
do Batman realizado até hoje (superando até as aplaudidas produções de
Christopher Nolan) e Pattinson agraciado como o melhor dentre todos os
intérpretes do herói, como seus fãs praticamente exigem um mínino de
reconhecimento no Oscar.
Até Os Ossos
A última vez em que o diretor Luca Guadagnino e
o jovem astro Timothée Chalamet se juntaram foi no elogiadíssimo romance
homossexual “Me Chame Pelo Seu Nome”.
Agora, eles adicionam à mistura novos nomes
consagrados, como Mark Rylance e Chloe Sevigny, e uma inusitada pitada de
canibalismo e o resultado é o desconcertante “Até Os Ossos” que promete seguir
um caminho de aclamação muito parecido.
Glass Onion-Um Mistério de Entre Facas e Segredos
Quando foi anunciada a sequência da pérola de
suspense “Entre Facas e Segredos”, a Netflix não perdeu tempo: Tratou de pagar
um valor estratosférico para o astro Daniel Graig voltar ao personagem do
detetive Benoit Blanc, negociou a exclusividade da produção com o diretor Rian
Johnson (de “Star Wars-Os Últimos Jedi”) e certificou-se de trazer um elenco
tão arrojado, numeroso e célebre quanto o notável filme anterior (entre outros
estão Kate Hudson, Ethan Hawke, Edward Norton, Dave Bautista e Kathryn Hahn).
Assim que foi lançado na plataforma, “Glass
Onion” arrebatou público e crítica revelando-se espantosamente superior ao
filme original, qualidades que, garantem os apreciadores, não haverão de passar
despercebidas aos membros da Academia.
Avatar-O Caminho da Água
Por fim, é impossível não mencionar um dos mais
aguardados filmes do ano –senão O mais aguardado: Lá se vão treze anos desde
que o diretor James Cameron tomou o mundo de assalto com a revolucionária tecnologia 3D e com a criação assombrosa do planeta Pandora em “Avatar”.
O tempo decorrido só fez aumentar a expectativa
dos fãs em torno da continuação (que é prometida como a primeira de outras
três!) e fomentou a promessa de que o efeito 3D, desta vez, seria ainda mais
arrebatador aos sentidos do público.
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